Todo
grande amor
Em
urgência
Morre
prematuro
Todo amor que morre
Tem no céu seu funeral
Velado pelos anjos
Aos que morrem de morte
natural
De idade, que adormecem pra
não mais acordar
Os que morrem em amizade
Sufocando os desejos em
preces
Os que morrem de cotidiano
De dentistas, analistas,
Armários em comum
Fendas nas camas de casal
Aos que morrem em desespero
De ofensas infundadas
De berros e murros
De vinganças em sangue
De ciúme, de posse
Aos que morrem por destino
Os que viveram por teimosia
Os que sempre se souberam
perdidos
Os que tiveram em comum
Não a estrada, mas curta
parada
A todos os amores mortos
Que no dia de seu desencarno
Se faça um instante de
piedade
Quando morre um amor
O poeta se lembra que está vivo
E que ainda ha de criar
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