sábado, 2 de fevereiro de 2013


Todo grande amor

Em urgência

Morre prematuro


Todo amor que morre

Tem no céu seu funeral

Velado pelos anjos

 

 

Aos que morrem de morte natural

De idade, que adormecem pra não mais acordar

Os que morrem em amizade

Sufocando os desejos em preces

Os que morrem de cotidiano

De dentistas, analistas,

Armários em comum

Fendas nas camas de casal

 

Aos que morrem em desespero

De ofensas infundadas

De berros e murros

De vinganças em sangue

De ciúme, de posse

 

Aos que morrem por destino

Os que viveram por teimosia

Os que sempre se souberam perdidos

Os que tiveram em comum

Não a estrada, mas curta parada

 

A todos os amores mortos

Que no dia de seu desencarno

Se faça um instante de piedade

 

Quando morre um amor

O poeta se lembra que está vivo
 
E que ainda ha de criar

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário