não devia ser permitido
vir de uma vez
isso de sentir, ou de chover
coração da gente
não aguenta enxurrada
domingo, 20 de abril de 2014
sábado, 2 de fevereiro de 2013
Todo
grande amor
Em
urgência
Morre
prematuro
Todo amor que morre
Tem no céu seu funeral
Velado pelos anjos
Aos que morrem de morte
natural
De idade, que adormecem pra
não mais acordar
Os que morrem em amizade
Sufocando os desejos em
preces
Os que morrem de cotidiano
De dentistas, analistas,
Armários em comum
Fendas nas camas de casal
Aos que morrem em desespero
De ofensas infundadas
De berros e murros
De vinganças em sangue
De ciúme, de posse
Aos que morrem por destino
Os que viveram por teimosia
Os que sempre se souberam
perdidos
Os que tiveram em comum
Não a estrada, mas curta
parada
A todos os amores mortos
Que no dia de seu desencarno
Se faça um instante de
piedade
Quando morre um amor
O poeta se lembra que está vivo
E que ainda ha de criar
amor amor
Amor amor
O que farei para que não sumas
Feito as nuvens nos céus se dissolvem
Feito arranhões que cicatrizam nos joelhos infantis
Feito água fervente em vapor?
Amor paixão
Como farei para que te deságües
Feito nascente do leito à maré?
Como farei para ser teu oceano
Imensidão composta de ti?
Paixão paixão
Que azul me invadiria agora
Guerreando voraz
contra as cores do meu grito?
E quais vermelhos venceriam unidos
as batalhas do meu sentimento
que em misto de sangue borbulham
saudades dentro do meu peito
Dissolvo, fervente em paixão
Azulecem voraz vozes invasoras
Venço vermelho medo
Deságuo eu em leito tranqüilo
Pálida, adormeço
Baú
Tenho um baú de tesouros
Imutáveis... amarelando de tempo e saudade
De tempos em tempos, preciso deles
E os abro, leio, abraço, lambo
Há um gosto de passado que não se descreve
Um sabor da melancolia
Que calço para novas caminhadas
Hoje, descansei minhas janelas sobre as cartas,
ontem sobre as fotos
Mais tarde detalhadamente
sobre as palavras pintadas em pauta
Repintadas na pele
De um sonho novo que desponta
E a vida se anuncia
Solar, fresca, delicada, furiosa
Rindo calma, fecho o baú
Que aguarda novas jóias
Futuras lembranças
Histórias...
Coração dividido?
Tenho
sonhado demais com Jesus cristo,
É
sempre o mesmo homem
Um
deus africano,
uma
alegoria mítica
que
não me alcança
Mas
de noite, enquanto durmo
É
só um homem
Eu
trepo com ele
Depois
oramos juntos
E aí
o que fazemos é amor
Rimos
e bebemos
E
ele fode comigo
E
silencio enquanto Morfeu me afunda
pra
mais um longo período de ausência
minha
de mim
O
dia todo esperando o curto tempo do sonho
a
tal ponto de me enfeitar para dormir
Se
ao menos os deuses de hoje fossem os gregos
Eu
engravidaria e daria ao mundo um novo Hércules
Filho
meu e de Baco
Eu
sonho
Numa
solidão profunda
Sonho
que trepo com Jesus cristo
Será que vou me vender?
Estou começando a duvidar
Conheço as regras, eu sei
jogar
Mas não quero, por favor, eu
não quero
Não me obriguem a forjar-me
Não posso ser assim
Não quero vestir-me de branco
Quando há no mundo um luto
escondido
O gosto da lona aos poucos
passa de amargo
A rançoso
E ainda sim prefiro que não
reponham a rede
No meu número de equilibrista
Não posso mentir
Não quero
Não me convençam
Que a verdade era só um
artifício
Deixem que prevaleça a
ingenuidade
Me deixem morrer genuína
Mesmo que em farrapos
Eutanásia
Ó Pai, porque me destes esses olhos
Que nunca se acostumarão a ver esse mundo
Olhos que choram
fome
Ó Pai, porque me destes essa voz
Que não pode cantar senão a tristeza da verdade
Há uma foto do morto no jornal Pai, e ele nem tinha
ideais
Ah Pai... que tempos são esses...
Que ausência é essa entre os meus
Os ventres sentem frio, porque é assim que nos dói a
solidão
Estamos voltando a ser quadrúpedes
De cansaço e medo
Vejo a
multidão de encurvados, querendo
tocar as mãos no chão
É medo Pai, medo do nada
Medo de tudo
Ah Pai porque não me fizeste burro o bastante
Não sei se posso continuar
Não há cura pra mim nesse mundo
E eu não posso dormir em paz, não assim
Há outros que não dormem Pai
De tanto barulho fora deles, como dentro de mim
Me deixaste de espectadora Pai, que queres ?
Me castigar? Porque me destes mãos tão finas Pai?
São mãos de princesa, não de combatente
Me deixaste na linha de fogo, sem que eu possa ser
atingida
Como um fantasma
Não me vêem, mas morrem na minha frente
E sangram, e sofrem
E eu não posso sangrar por eles!
Não Pai, você não sabe o que é isso
Corpos murchos, almas ocas
Que mundo zumbi, que carência...
Que calma crueldade tem sido o nosso tempo
No fundo eu sei que qualquer hora
Aparece um menino com um recado teu
E ele dirá que tu não vens...
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