sexta-feira, 20 de novembro de 2009

pesadelo

me invade a cama madrugada adentro
não me vê os olhos nem a alma
come, dorme, vai embora
Meu peito parte em galope
pranteia ora mudo ora histérico
eu grito
eu grito e tremo
eu sofro
eu sofro e morro
eu vivo
Meu canto morre
eu vivo
morenando
em plena tormenta

terça-feira, 10 de novembro de 2009

vale o quanto ocupa

Quantos poemas uma madrugada abriga?
Quanta ausência cabe em um quilometro?
Quanto adormecer pode um beijo?
Quantos pêlos do outro minha saudade decora?
Quantas fotos minha retina alcança?
Quanto riso me faria inocente?
Quanto de mim faz uma muda?
Quanto dele constrói um destino?
Quanta amizade me tem um pássaro?
Quanto silêncio o amor suporta?
Quantas notas a lágrima atinge?
Quantas naus pra que meu sonho veleje?
Quanto de sol pra que a amante aurore?
Quanta displicencia coexiste num coito?
quanto de sexo remete o vento?
Quantas flores tem a cor da menina?
Quanto desespero invade um domingo?
Quantas laudas para um parto?
Quanto estrangeiro você se sente?
Quantas tentativas antecedem a estréia?
Quanta fé a dor anuncia?
Quanta morte meu além permite?
Quanta vida me resta hoje?

Quanta falta me faz um descanso...

Quanto vale, do seu tempo, meu canto?

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

...

eu menti quando disse que aceitava qualquer coisa
eu menti pra mim
Tem que ser tudo
tem que ser vivo
ter que ter fome
desespero
tem que ter sono
tem que ter volta
tem que ter mar
que eu quero desaguar minha mentira