quarta-feira, 28 de outubro de 2009

amiga minha

sinto dizer-te assim a verdade
amiga minha não se ofenda
desse tempo de ausência
nenhum instante pensei em ti com saudades
ah amiga minha
quanta festa sua falta me traz pra vida
quanto almejo esquecer-te

vejo que ainda conviveremos mal por mais um tempo
como se a minha única saída fosse resignar-me
você, amiga minha
traz os tempos de madrugadas
tristes e vazias madrugadas
de volta aos dias que nasciam solares

os dedos passam a perder a força
as coisas escorrem
o tempo corre frenético
os papéis se empilham até vetar meus olhos do horizonte

temor... óbvio

amiga minha... que estranho amor o nosso
que companheira me encontrou a vida
não é uma visão pessimista apenas
é a constatação de uma sequencia
que inicia nova repetição

Novo ciclo se anuncia
sem novidades ao que aparenta
vamos juntas amiga minha
desertar nossos sonhos
como o temos feito, juntas
todo esse tempo

recolho-me só para protelar
que a debandagem seja demasiado imediata
mas já não vejo em meu entorno
as tochas que iluminavam a festa
os ruídos se diluem
num silêncio sepulcral

hoje, amiga minha
já começo a me despedir dos sonhos
que frageis se despontavam
de encontro a um mundo de alegrias

já se foram as paixões
os amores provavelmente não sobreviverão
e tudo passa a ter o gosto
e o desespero da despedida
e eu sei que nós
não iremos a lugar algum
restaremos sós no salão vazio
enquanto um tango mareado
nos ilustra a solidão

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